terça-feira, dezembro 26

Natal! Hora de reencontrar os fantasmas...

Final de Ano chegando, Natal batendo à porta de todos, HoHoHo! E eu aqui recomeçando a vida do zero, bom, não é bem do zero, mas está quase lá. Não quero falar sobre isso hoje, vamos deixar pra outro dia essa história da minha última e derradeira loucura.
O Natal sempre me deixa meio nostálgico, num saudosismo besta que eu nem sei explicar ao certo o porquê, até acho que é da minha constante sensação de que a vida poderia ter sido melhor do que foi, ou melhor, do que eu fiz; aí largo um monte de promessas que não cumpro mesmo e deixo pra entrar em uma nova crise de nostalgia no próximo Natal: Na década de 80 deveria ter pedido a Ivânia em namoro, confessar que ela me fazia delirar - nunca disse nada, talvez por saber desde àquela época que ela nunca aceitaria. No início do séc. XXI não deveria ter largado da Faculdade de Direito, tenho certeza que ia estar formado, por "cima da carne seca" ou não, casado e todos os outros acessórios que a carreira me traria.
Tenho certeza que todo mundo tem um monte de "se eu tivesse" nas suas memórias, diversas pontas soltas no passado, quem sabe alguns amores nunca vividos ou até mal-vividos, nossos baús estão cheios de ossos e reminiscências que lutamos a todo custo para apagar, mas parece que por sacanagem do destino o Natal tem o dom de trazer alguns desses ossos ou às vezes todos à tona, vai dizer que você nunca viu ninguém com cara de bobo, olhando para o infinito nessa época do ano e, quando você pergunta vem àquela resposta vazia: "Nada"!
Ficar questionando nossas escolhas é meio que ficar dissecando um cadáver besta, se eu tivesse feito qualquer coisa diferente do que realmente foi, com certeza não teria esse prazer de encontrar, garimpar a palavra certa pra demonstrar o que eu sinto no papel, não teria o prazer de sentar sozinho e sorver uma taça de vinho com toda a riqueza que uma casa cheia de crianças não daria mesmo. De certa forma, tudo está meio que escrito e não adianta vir com aquela baboseira de que "quem faz meu destino sou eu!" Se fosse assim não faríamos tantas bobagens dignas de esquecimento. Honestamente eu não agüentaria um ano casado se não tivesse vivido por tudo o que passei, todas as bobagens e "fossas", hoje até que a possibilidade me soa bem agradável, pra não dizer que estou com vontade.
Tudo tem uma razão, isso é certo, o que atrapalha é quando eu e você na mais imbecil necessidade de ter a sensação de que controlamos alguma coisa não deixamos a vida seguir seu rumo, por mais que ele pareça meio cego, surdo e manco de uma perna, no final, tudo se encaminha.
Bom, eu posso estar errado, só tem um jeito de descobrir.

segunda-feira, dezembro 18

Como eu Pude?


Hoje não estou a fim de comentar sobre política, mundo ou qualquer outra polêmica; deu-me vontade de falar de outra coisa, algo que com certeza todos vocês já passaram, afinal, quem nunca reencontrou uma ex-namorada ou namorado, esposa, amante, enfim, um outrora “parceiro de lençóis”.

Tremenda saia justa ao virar uma esquina, entrar em uma loja no shopping ou a pior: encontrar em um bar quem há pouco tempo ainda era sua alma gêmea. Sorrisos amarelos, uma leve conferida de cima a baixo, um momento flashback precedendo aquele insosso beijinho no rosto que você não está acostumado, já que lembra sempre que os beijos de antes eram mais à direita ou esquerda, depende de quem vai ou vem. Não tem como escapar, talvez tenha sobrado um pouquinho ou muito do sentimento de antes, mas sabe quando não dá mais, quebrou alguma coisa lá dentro, a magia sumiu ou qualquer outra simbologia picareta que só os apaixonados conhecem. Apesar de qualquer vontade ou sentimento; aquele brilho que embalava o antigo destino dos nossos mimos, cafunés e desejos, essa luz apagou e aí é que começa o suplício: você enxerga a pessoa exatamente como ela sempre foi e inevitavelmente depois que a miopia da paixão vai embora sempre rola um pensamento lá no íntimo: “como eu pude”.

Não é o pseudo-outrora-amor que te cegou amigo, foi o seu ego, os defeitos e as virtudes estão onde sempre estiveram; só que agora você parou de idealizar e torturar quem um dia foi a futura mãe dos seus filhos. Não nos apaixonamos pela pessoa, nos apaixonamos por uma deusa, uma diva que queríamos que ela fosse - ela continua tendo aquela “covinha linda” quando sorri, mas o sorriso dela não é tão gratuito quanto você pensava, a piada velha e batida não tem mais o mesmo efeito (e nós babacas pensamos que é culpa da TPM) e nada de cair à ficha. Tem uma história que fala disso com maestria, é mais ou menos assim: Se você olhar a estátua da Vênus de Milo, vai ver como ela é perfeita; só que à medida que se aproximar mais e mais vai notar que existem rachaduras, até algumas falhas e então aquele ícone da beleza cai.

Aceitar a cara-metade como ela é além de trabalhoso é um exercício de paciência, já que as camisolas surradas ou a cueca gostosa de usar só que horrível de ver um dia vão aparecer. Eu não acredito que exista mulher que suporte viver de cinta-liga ou que exista um homem que consiga respirar encolhendo a barriga pelo resto dos seus dias; com o tempo é que mostramos quem realmente somos, ou você acha que ela já nasceu com delineador nos olhos. É no dia-a-dia que realmente se conhece quem está dormindo com você: depois de acordar ao lado dela e ver que aquele cabelo liso da noite anterior amanheceu em um misto de revolução com tsunami ou que o cheiro inebriante que vinha do pescoço dele não passava de perfume e a fragrância natural não é nenhum produto francês, ainda assim, se ela ou ele continuarem lindos aos seus olhos, queridos, comecem a pensar em mais uma escova de dente no banheiro.

Eu tenho uma teoria: todo namoro, casamento ou “ajuntamento” tem sempre um momento “OPS!” Me deixa explicar: Pense em todas as suas histórias, seus relacionamentos que acabaram, mas pensa com vontade, nada de en passant. Se você se esforçar vai lembrar daquela hora, daquela palavra, daquela bobagem que tornou o seu Deus ou Deusa em um simples mortal e isso quebrou alguma coisa que você não sabe dizer ao certo que é, mas quebrou algo; aí é que entra a minha teoria: se naquele momento cada um for pro seu lado, vão sobrar boas lembranças e as ruins o tempo se encarrega de apagar. Só que o nosso ego não deixa, já que “EU TENHO QUE FAZER DAR CERTO” e começa o jogo de empurrar com a barriga, até que um dos dois assume o papel de carrasco, se enche de coragem e dá um ponto final a uma relação mais que moribunda. Quem tomou o pé-na-bunda fica com aquela cara de “segunda-feira”, de iludido, o abandonado que na verdade deveria agradecer ao outro por ter concedido aos dois a chance de voltarem a viver e pararem de sobreviver.

Estar com uma pessoa, só pra dizer que tem alguém é no mínimo irresponsável além de maldoso, tanto com você quanto com o outro e ao invés de pensar “como eu pude” quando reencontrar seu antigo amor seria melhor dizer: “como eu pude fazer aquilo com nós dois”.

segunda-feira, dezembro 11

Estamos com fome de amor!



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão” (já citei essa frase em uma crônica antiga, mas ela sempre volta)! Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances sexuais dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvída do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: “Quero um amor pra vida toda!” “Eu sou pra casar!” até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!” Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois. Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.

Antes idiota que infeliz!

quinta-feira, dezembro 7

Turistas - O Grande Vilão


O que era um comentário virou “burburinho” e se transforma em polêmica, à medida que se aproxima a data de lançamento mundial do filme “Turistas”. Não por ser mais um seguidor da nova estética trash de Hollywod (algo que particularmente me incomoda) ou por trazer cenas de violência explícita com todos os clichês cinematográficos possíveis. Toda a falácia em torno desse filme é motivada pelo mesmo se passar no Brasil e “enlamaçar” nossa reputação internacional (estou sendo irônico, pelo amor de Deus não confundam).

Uma corrente de pseudo-patriotismo tem espalhado pela Internet uma campanha de boicote ao filme: que não é pra ninguém assistir afinal estão falando de “nós”, do nosso lar, do nosso blá blá blá. Honestamente esse tipo de “nacionalismo” me desperta um grande temor e me leva a uma triste constatação, o “pão e circo” de Maquiavel funciona com perfeição por essas terras.

Quando Quentin Tarantino produziu “OAlbergue” a Europa não fez nenhuma mobilização popular contra ele, até entortaram o nariz, mas disso pra uma caça às bruxas como querem agora é uma grande diferença. A ironia maior é que as mesmas pessoas que empunham a bandeira que prega o banimento desse “arremedo de cinema” (li em um desses e-mails e achei o adjetivo hilário), são as mesmas que entregaram o país por mais quatro anos nas mãos de um Governo de mensalões, sanguessugas, valériodutos e outras patifarias. Esse fascistóides de fim-de-semana partem pra cima de um filme com a fome de um leão que avista a presa, indignados, com seu orgulho patriótico ferido, vontade de matar mesmo; agora imaginem o que seria dos nossos Lulas, Zé Dirceus e Genoínos se essa fatia tivesse a mesma fome diante de um dos tantos escândalos que acontecem no nosso quintal.

Claro que esse tipo de película vai ter seus exageros, excessos de “licenças poéticas”, litros e litros de corante vermelho com carne moída sujando a tela, mas que tipo de alienação abate um povo que julga que seu país vai ser denegrido internacionalmente por isso, acordem gente, nós fazemos isso melhor que ninguém, ou melhor, nos elegemos ladrúnculos que fazem isso melhor que ninguém, ou o que vocês acham que o mundo pensa quando vê um Hugo Chaves anabolizado por petrodólares cagando ordens por toda a América Latina e o presidente do maior país dessa mesma América não faz nada, ou melhor, não sabe o que está acontecendo como ele mesmo adora dizer.

Teria tudo pra ser mais um desses filmezinhos cópia da cópia de outro, só que o populismo cego, burro e manco se encarrega de divulgá-lo e o planeta vai ver um Brasil feio, perigoso, sangrento, violento, enfim, algo totalmente fora da realidade, já que somos o paraíso que “Cidade de Deus” mostrou ao mundo.

(Acho Cidades de Deus uma obra–prima da 7ª arte)

quarta-feira, dezembro 6

Damien Rice

Cara, não estou com nenhuma crise de falta de criatividade (até porque nem sei se sou criativo), mas ontem estava ouvindo uma música desse cara aí do lado e a melancolia da letra junto com uma melodia rica, embora simples, daquelas coisas que fazem chorar sem você saber direito o porquê. Decidi dividir com vocês a letra e pra não ter nenhum problema de interpretação coloco também a tradução.

I Remember

Damien Rice

I remember it well
The first time that I saw
Your head around the door
'Cause mine stopped working

I remember it well
There was wet in your hair
You were stood in the stairs
And time stopped moving

I want you here tonight
I want you here
'Cause I can't believe what I found
I want you here tonight
I want you here
Nothing is taking me down, down, down...

I remember it well
Taxied out of a storm
To watch you perform
And my ships were sailing

I remember it well
I was stood in your line
And your mouth, your mouth, your mouth...

I want you here tonight
I want you here
'Cause I can't believe what I found
I want you here tonight
I want you here
Nothing is taking me down, down, down...

Except you my love. Except you my love...

Come all ye lost
Dive into moss
I hope that my sanity covers the cost
To remove the stain of my love
Paper maché

Come all ye reborn
Blow off my horn
I'm driving real hard
This is love, this is porn
God will forgive me
But I, I whip myself with scorn, scorn

I wanna hear what you have to say about me
Hear if you're gonna live without me
I wanna hear what you want
I remember december
And I wanna hear what you have to say about me
Hear if you're gonna live without me
I wanna hear what you want
What the hell do you want?

------------*---------------
Eu lembro bem
Da primeira vez que eu vi
Sua cabeça em torno da porta
Por que a minha parou de funcionar

Eu lembro bem
Seu cabelo estava molhado
Eu fiquei na escada
E o tempo parou de passar

Te quero aqui hoje à noite, te quero aqui
Porque não consigo acreditar no que encontrei
Te quero aqui hoje à noite, te quero aqui
Porque nada vai me desanimar

Eu me lembro bem
Peguei um táxi numa tempestade
Pra te ver tocar
E meus navios navegavam

Eu me lembro bem
Estava na sua fila
E sua boca, sua boca, sua boca, sua mente...

Te quero aqui hoje à noite, te quero aqui
Porque não consigo acreditar no que encontrei
Te quero aqui hoje à noite, te quero aqui
Porque nada vai me desanimar
Exceto você, meu amor
Exceto você, meu amor

Venham todos vocês, perdidos
Mergulhem no musgo
Eu espero que minha sanidade cubra o custo
De remover a mancha desse amor, de papel machê

Venham todos vocês, renascidos
Toquem minha buzina
Estou dirigindo feito um louco
Isso é amor, isso é pornografia
Que Deus me perdoe, mas eu me chicoteio com desprezo, despreza

Eu quero ouvir o que você tem a dizer sobre mim
Ouvir se você vai viver sem mim
Eu quero ouvir o que você quer
Eu me lembro de dezembro
E eu quero ouvir o que você tem a dizer sobre mim
Ouvir se você vai viver sem mim
Eu quero ouvir o que você quer
O que diabos você quer?

quinta-feira, novembro 30

Que medo todo é Esse?

Já viram como todos parecem viver com medo. Não estou falando do simples medo da violência, roubo e as demais neuras que dominam essa droga de mundo moderno, de uns tempos pra cá, tenho reparado no terrível medo de intimidade que tem crescido como uma praga. Nem de longe é a intimidade que você pode estar pensando, pular de cama em cama está cada vez mais comum, estou falando é desse temor besta de relacionar-se com as pessoas, de “fazer amor” ao invés de transar, de perguntar e se interessar de verdade pela resposta, não ficar levantando a sobrancelha pra fingir interesse, de falar “eu te amo” no lugar de “te adoro” pra não dar o braço à torcer parecendo “fraco” (tem que ser muito forte pra dizer “eu te amo”).

Parece que todos se defendem de um inimigo invisível, nas ruas caminham de cabeça baixa, rezando pra ninguém abordá-las e perguntar: “Como você está?”, pois é óbvio que “se ele está me perguntando isso é porque quer alguma coisa”. Fico horrorizado com a impessoalidade que cresce a todo minuto, todos estão ocupados, desconfiados, sempre esperando o pior; queixam-se de solidão e são os primeiros a fechar as portas a uma conversa, só se fala de trabalho, carreira, o prazer de “trocar idéias” se perdeu.

A Internet, com seus ICQ, MSN e outras traquitanas de pseudo-conversas tem piorado tudo, já que o “disponível” nem sempre é verdade, pelo contrário, na maioria das vezes a conversa não passa de alguns toques no teclado, quase sempre o chefe chama, aparece uma ligação do nada ou misteriosamente a conexão “cai”, se não quer conversar, desliga essa “porra”, mas não seja leviano. As barreiras da informação caíram; só que foram erguidas outras de uma maneira silenciosa, isolando cada vez mais as pessoas dentro de si mesmas. Kurt Cobain disse uma vez que era melhor queimar do que se apagar aos poucos, exatamente isso que acontece, estamos nos apagando aos poucos. Mulheres lindas, com diplomas e carreiras em ascensão voltando à noite para apartamentos vazios; homens ricos com MBA e carro do ano afundando buscando atenção em “casas de massagem”.

Todos sempre estão desconfiados, na incerteza de se aquela pessoa está se aproximando de você por sua causa ou pelo interesse em tirar algum proveito, ou pior, na certeza de que “só se aproximam de você por interesse”. Agora cá entre nós, isso não justifica ficar mais fechado que porão. Se for pra viver desconfiado, não dá nem pra classificar como “viver”, está mais pra “existir” ou quem sabe “vegetar”. Você pode até discordar, mas antes disso dá uma olhadela no espelho.

Pessoas “boas” ou “ruins” (acho um dos rótulos mais imbecis) sempre vão existir e de acordo com a situação o mocinho vira bandido e vice-versa. Boas lembranças ou lições são necessárias na vida; lágrimas e sorrisos são fundamentais, o que não dá mesmo é pra agüentar esse cara blasé besta de ver o mundo passar.

quarta-feira, novembro 22

Cada país tem o que merece

Hoje visto de vez a camiseta do “anti-lulismo”. Não adianta, até tentei enxergar o lado bom do nosso (fazer o quê) presidente, mas o cara não dá uma dentro e o pior é que tem muita gente que vê nele um Lech Walesa dos trópicos, se bem que esse é outro pelego.

Lula criou uma indústria da fome que o manteve no poder por mais quatro anos e o pior é quem paga a conta é o Brasil que produz. Tem cabimento Sudeste e Sul do Brasil responderem por mais de 70% da arrecadação da União e enquanto isso dá-lhe carnaval fora de época. Deixa o homem trabalhar, ou melhor, atrapalhar. Mas tudo bem, passou as eleições e como o Lula é o meu pastor, mais quatro anos pastando.

O que me deixa apavorado não é toda essa indústria de maracutaias, mensalões e sanguessugas, infelizmente nos acostumamos a toda essa pouca vergonha. Fico em pânico ao ver o pensamento que está ficando cada vez mais explícito e quase um motivo de orgulho para o povo que saiu da “linha da miséria” graças aos programas paternalistas que tanto enaltecem o nosso governo. O cara não está pensando em estudar, trabalhar, melhorar de vida, o negócio agora é procriar, quanto mais filhos, mais Bolsa Família, ao invés de exterminar a pobreza, foi criada a esmola com cartão magnético, ou você acha que alguém vai devolver o cartão depois que arruma um emprego, pra quê trabalhar se agora ele tem patrocínio, só no horário político que isso aparecia.

Somos o primeiro país do mundo a dar 13° esmola, isso é avanço demais pra mim. Você pode pensar que quem deu essa pá de cal no nosso orgulho foi a oposição ao governo, mas quem vai pagar? Você e eu, os palhaços da vez ou melhor, de sempre.

O que vamos esperar de uma nação que reelege Maluf, Collor, chegamos ao ponto máximo do pão e circo, lembram do “rouba, mas faz.” É isso aí gente, elegemos e eu me coloco no mesmo barco, afinal a maioria decidiu e nunca Nelson Rodrigues esteve tão certo quando lembrou que “toda a maioria é burra”.

A vida melhorou; só que não foi pra mim nem pra você que não consegue estar apto a uma dessas esmolas magnéticas, se bem que poderíamos pedir pra que o nosso nome aparecesse nos cartões como patrocinadores, sem esquecer o nariz de palhaço.

terça-feira, novembro 21

Por que diabos eu escrevo?

Sinceramente eu não sei por que escrevo! Não ganho grana com isso, não ganho status, tenho uma dislexia infeliz que me faz cometer as piores gafes com a língua portuguesa, meus amigos juram que são meus mais ávidos leitores e eu finjo que acredito pra não perder a amizade, elogios de “inteligente”, “sagaz” e outros floreios já não me servem há tempos, então eu pergunto meu Deus: POR QUÊ? O Arnaldo Jabor está mais que certo em escrever, afinal ganha bem pra fazer isso e ele merece, o Diogo Mainardi sabe que nunca vai derrubar o Lula, mas é muito bem recompensado pra desempenhar esse papel Quixotesco, ou você acha que fazer o “povo” pensar não é tão ou mais difícil que enfrentar um Moinho de Vento. Não adianta, hoje é o dia que quero chutar o pau-da-barraca e o nome dos dois foram os primeiros que me ocorreram, depois peço desculpas.

Afinal qual é a razão que faz uma pessoa “precisar” escrever? É doença, idiotice, a “paz mundial”, sabe lá, acho que é a ilusão de que vai ser ouvido ou a necessidade besta de pensar que deixou sua marca no mundo. Já passei dessa fase, entrei na dependência patológica das palavras, dependo da viagem que as letras me dão de graça, enquanto eu aqui me rasgo em pedaços da minha própria alma e fico me perguntando: Por que ninguém nota?

Agora você meu fictício leitor pode retrucar: “E quem te pediu? Quem te disse que iam te aplaudir?”. Pois é a mais pura verdade. Guardadas as devidas proporções (tenho consciência da minha insignificância) e o saldo bancário, creio que eu, o Jabor e até o Mainardi (já estou me achando íntimo) sofremos do mesmo mal; a “dependência da palavra”.

Não basta assistir o mundo passar diante dos nossos olhos, precisamos gritar, bradar o que achamos desse mundo que passa e se vai sem nos dar a mínima atenção. Não basta sentir, é preciso esmiuçar, triturar, quebrar em pedacinhos esse sentimento e tentar dissecá-lo aos olhos de todos, mostrar que não podem fazer o que quiserem do mundo, porque tem gente observando e alertando quem não vê, se bem que essa é a parte mais difícil. Essa talvez seja a maior ilusão ou quem sabe o maior presente que um escritor pode sonhar: Abrir a cabeça das pessoas, mostrar que não precisa ser do jeito que disseram que era o certo, que você pode pensar por você mesmo! Às vezes até que funciona, geralmente é “murro em ponta de faca”. O que tem de criatura que não gosta de pensar; prefere que “mastigue” por elas, ficam com a sinopse da vida.

Acho que acabo de descobrir a razão que me leva a escrever e você também meu leitor imaginário, um dia “mastigamos” para os outros.

sexta-feira, novembro 17

Entre Paixões e Taças

Olha só as divagações que uma mente desocupada consegue. Hoje estava conversando com uma amiga e lá pelas tantas, fiz uma comparação que me deixou pensativo. “Histórias são como vinhos!” Todas as nuances que compõem um vinho clássico ou um projeto de vinagre estão na nossa existência (profundo isso), os acertos, os erros, o tempo de maturação que cada tipo de emoção ou vinho precisam para chegarem ao seu auge e que precisam ser respeitados.

Não existem aquelas paixões fugazes, que vem tomando tudo de assalto, sem pedir licença, mas que logo depois de um tempo perdem o sabor e tão rápidas como vieram, se vão. Na hora me vem a lembrança de um típico branco ou até um espumante com o frescor da juventude, marcante, pode até arrebatar, mas que tão rápido como atinge seu ápice se não for sorvido à última gota ainda jovem, esse aroma se apaga.

Em outras histórias o tempo é o maior aliado, tempo mesmo, às vezes anos pra que ela seja tudo o que pode ser. Precisa de maturação, como um bom tinto da Borgonha que necessita de calma e paciência para que o frescor das flores e aromas frutados transforme-se no bouquet, com as pessoas não é nem um pouco diferente, por vezes é necessário que o tempo amadureça as emoções, só ele vai trazer a clareza que os nossos olhos precisam e raramente alcançamos.

Traduzindo dessa forma fica tão simples de entender nossas paixões, casos, “transas” e amores, mas porque é tão difícil viver, porque sempre é tão complicado? Simples, nossa constante insatisfação tem o dom de jogar tudo o que aprendemos pela janela. Fazer daquela noite incrível um casamento fast food, ou transformar um possível amor duradouro e uma única noite digna de ser esquecida.

Outro erro que cometemos é utilizar as fórmulas prontas: “Se com o meu amigo deu certo, comigo também vai dar!” Igual ao mito de que vinho tinto só se toma à temperatura ambiente. Se você estiver em uma cave na Europa onde a temperatura não passa de 15°, perfeito, mas imagina aqui nos nossos 40° dos trópicos, dor de cabeça na certa. Cada um vive a sua história de uma maneira única e não é porque a sua vizinha está a trinta e tantos anos casada e feliz que você vai ser copiando tudo o que ela fez. Não existe conto-de-fadas, viver com outra pessoa em qualquer situação que seja, casamento, sociedade ou até amizade dá muito trabalho, é uma constante negociação onde a imposição não pode ter lugar porque “azeda” a mistura.

Quem sabe será por isso que muita gente ao final de uma love story tem um reencontro homérico com as garrafas, ao invés de “beber pra esquecer” poderíamos “beber pra aprender”, entender que tudo dura o tempo certo que lhe foi dado. Se tiver a atenção, cuidado e consciência de que nunca chegamos, mas sempre estamos buscando a sensação que aquela taça cheia do melhor que a videira pôde dar nos proporciona, às vezes por um momento, ou talvez não.

quinta-feira, novembro 16

Grandes Mudanças

A maioria das pessoas (pelo menos da minha geração) que nasciam e nascem em cidades do interior crescem com o sonho, utopia, viagem de logo após a formatura do 2° Grau ir embora para uma grande cidade (os mais espertos esperam a faculdade). Porto Alegre, Florianópolis (Floripa para os deslumbrados), Caxias do Sul entre outras são o depósito dos sonhos e esperanças de quem nasceu numa Vacaria.

Comigo não foi diferente e acho que nem poderia ser, mas honestamente creio que algumas verdades sobre o “sonho de metrópole” devem ser ditas. Não é nada no sentido de “esqueça a idéia!” Mas é o tipo de coisa que todo mundo deveria saber antes de se lançar nessa empreitada.

É ótimo, é tudo grandioso, abre a tua cabeça a novas idéias? Sim e não. Claro que tudo fica mais ao alcance das mãos, os últimos lançamentos do mundo do cinema, gente interessante (para todos os tipos de interesse), todavia, essas pessoas na maioria das vezes também vêm de pequenas cidades e com certeza já eram tão ou mais interessantes. Não são as grandes cidades que tornam as pessoas “legais”, na verdade perder o medo do ridículo é que abre os nossos olhos, nos faz ver coisas que antes nem pensávamos. Sentir-se livre, algo que só um lugar desconhecido traz, não necessariamente uma metrópole. Só que se você não quiser, nada disso acontece e você acaba por tornar-se um “caipira” em Nova York. A vontade de aprender, de crescer está mais ligada à pessoa que ao lugar, estou filosofando demais. Sinceramente, o que mais eu vi nesses anos longe de casa (Vacaria nunca vai deixar de ser minha casa), foi um monte de deslumbrados que por mudarem de CEP tornaram-se superiores, seria cômico se não fosse trágico.

Quanto às oportunidades profissionais, é claro que são melhores, mas enquanto alguém não investir na sua terra natal, os “gigolôs de touro” ou macieiras é que vão continuar a enriquecerem à custa da miséria de outros, é um ciclo que demora, mas quem sabe um dia quebra. Se você não está dando a mínima pra isso e quer mesmo é ir pra capital enriquecer, sinto informar. Não é tão fácil não!

A concorrência é maior, sempre vai ter alguém “sentando” no colo do chefe e o seu sobrenome não vale nada, sabe aquela história de “mais um rostinho na multidão”, pois é desse jeito, aí você pode pensar: “Putz, mas aqui também é assim!” Em qualquer lugar do mundo é assim meu amigo, só que longe de casa tudo é mais caro.

E sem a opção do fiado.