segunda-feira, dezembro 18

Como eu Pude?


Hoje não estou a fim de comentar sobre política, mundo ou qualquer outra polêmica; deu-me vontade de falar de outra coisa, algo que com certeza todos vocês já passaram, afinal, quem nunca reencontrou uma ex-namorada ou namorado, esposa, amante, enfim, um outrora “parceiro de lençóis”.

Tremenda saia justa ao virar uma esquina, entrar em uma loja no shopping ou a pior: encontrar em um bar quem há pouco tempo ainda era sua alma gêmea. Sorrisos amarelos, uma leve conferida de cima a baixo, um momento flashback precedendo aquele insosso beijinho no rosto que você não está acostumado, já que lembra sempre que os beijos de antes eram mais à direita ou esquerda, depende de quem vai ou vem. Não tem como escapar, talvez tenha sobrado um pouquinho ou muito do sentimento de antes, mas sabe quando não dá mais, quebrou alguma coisa lá dentro, a magia sumiu ou qualquer outra simbologia picareta que só os apaixonados conhecem. Apesar de qualquer vontade ou sentimento; aquele brilho que embalava o antigo destino dos nossos mimos, cafunés e desejos, essa luz apagou e aí é que começa o suplício: você enxerga a pessoa exatamente como ela sempre foi e inevitavelmente depois que a miopia da paixão vai embora sempre rola um pensamento lá no íntimo: “como eu pude”.

Não é o pseudo-outrora-amor que te cegou amigo, foi o seu ego, os defeitos e as virtudes estão onde sempre estiveram; só que agora você parou de idealizar e torturar quem um dia foi a futura mãe dos seus filhos. Não nos apaixonamos pela pessoa, nos apaixonamos por uma deusa, uma diva que queríamos que ela fosse - ela continua tendo aquela “covinha linda” quando sorri, mas o sorriso dela não é tão gratuito quanto você pensava, a piada velha e batida não tem mais o mesmo efeito (e nós babacas pensamos que é culpa da TPM) e nada de cair à ficha. Tem uma história que fala disso com maestria, é mais ou menos assim: Se você olhar a estátua da Vênus de Milo, vai ver como ela é perfeita; só que à medida que se aproximar mais e mais vai notar que existem rachaduras, até algumas falhas e então aquele ícone da beleza cai.

Aceitar a cara-metade como ela é além de trabalhoso é um exercício de paciência, já que as camisolas surradas ou a cueca gostosa de usar só que horrível de ver um dia vão aparecer. Eu não acredito que exista mulher que suporte viver de cinta-liga ou que exista um homem que consiga respirar encolhendo a barriga pelo resto dos seus dias; com o tempo é que mostramos quem realmente somos, ou você acha que ela já nasceu com delineador nos olhos. É no dia-a-dia que realmente se conhece quem está dormindo com você: depois de acordar ao lado dela e ver que aquele cabelo liso da noite anterior amanheceu em um misto de revolução com tsunami ou que o cheiro inebriante que vinha do pescoço dele não passava de perfume e a fragrância natural não é nenhum produto francês, ainda assim, se ela ou ele continuarem lindos aos seus olhos, queridos, comecem a pensar em mais uma escova de dente no banheiro.

Eu tenho uma teoria: todo namoro, casamento ou “ajuntamento” tem sempre um momento “OPS!” Me deixa explicar: Pense em todas as suas histórias, seus relacionamentos que acabaram, mas pensa com vontade, nada de en passant. Se você se esforçar vai lembrar daquela hora, daquela palavra, daquela bobagem que tornou o seu Deus ou Deusa em um simples mortal e isso quebrou alguma coisa que você não sabe dizer ao certo que é, mas quebrou algo; aí é que entra a minha teoria: se naquele momento cada um for pro seu lado, vão sobrar boas lembranças e as ruins o tempo se encarrega de apagar. Só que o nosso ego não deixa, já que “EU TENHO QUE FAZER DAR CERTO” e começa o jogo de empurrar com a barriga, até que um dos dois assume o papel de carrasco, se enche de coragem e dá um ponto final a uma relação mais que moribunda. Quem tomou o pé-na-bunda fica com aquela cara de “segunda-feira”, de iludido, o abandonado que na verdade deveria agradecer ao outro por ter concedido aos dois a chance de voltarem a viver e pararem de sobreviver.

Estar com uma pessoa, só pra dizer que tem alguém é no mínimo irresponsável além de maldoso, tanto com você quanto com o outro e ao invés de pensar “como eu pude” quando reencontrar seu antigo amor seria melhor dizer: “como eu pude fazer aquilo com nós dois”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vi sua crônica " Estamos com fome de amor!" no orkut e resolvi passar no seu blog pra conferir as outras, não me arrependi.
Vc escreve muito bem, continue, sempre que puder dou uma passadinha aqui!
Bjus!