quinta-feira, novembro 24

Rodrigo e o Topo

Hoje estava lendo uma reportagem a respeito do ator Rodrigo Santoro, que vai viver o Imperador Persa Xerxes na adaptação para o cinema da história em quadrinhos “Os 300 de Esparta”, que Frank Miller (sem dúvida o melhor roteirista de quadrinhos da história) está terminando de roteirizar para o cinema, onde o ator brasileiro terá seu primeiro grande papel internacional. Vamos soltar os fogos, um brasileiro em Hollywood, ironias a parte, claro que existe uma razão de orgulho nacional, afinal, existem americanos que não nos consideram “macacos” ou “índios vivendo na selva”, o que me deixou pensativo foi exatamente a primeira pergunta que a reporte fez a Santoro: “Não é frustrante estar no topo tão cedo?” Sinceramente fiquei boquiaberto com a resposta mais que perfeita do ator, mostrando um senso de realidade que deveria estar estampado nas “Revistas Caras” da vida.
Naquela pergunta, se pararmos para lê-la por um outro prisma fica escancarado o pior tipo de preconceito que nós, brasileiros, latinos, mestiços poderíamos receber, pois, como um brasileiro como nós pode ter chego ao topo, ao ápice da sua carreira com o seu primeiro antagonista numa super-produção. Acabou Rodrigo, não sonhe em crescer mais, você já está no topo, para um latino-americano.
Meu Deus, já chega de nos medirmos por baixo não acham? Quem sabe esse seja o segredo do sucesso desse ator. Não está dando a mínima para o lugar onde vai representar, Brasil, Estados Unidos, Londres ou no teatro da esquina, o que ele deixou claro na entrevista é o prazer pela arte de “brincar de ser alguém”, será que o único Rei parido no Brasil vai ser Pelé? Imagine se quando o Brasil foi campeão em 1958, viesse um gênio dizendo que Pelé não precisava de mais nada, afinal já estava no topo, e qualquer cérebro mediano sabe que depois do topo, não tem mais o que subir, é só queda.
Chega dessa história de “celeiro do mundo”, parece que estamos recheados de animas e vegetais para o “primeiro-mundo” comer de colherinha, se Rodrigo Santoro está no topo, onde é que está o Ton Hanks, mandou Zeus se aposentar do Olimpo e tomou posse.Esse ator que tenho orgulho de dizer que é brasileiro, quem sabe chegou onde está e tem condições de alçar vôos mais altos, porque não trabalha, afinal quem faz algo que lhe dá o prazer, nunca tem que trabalhar. Atua porque demonstra paixão pelo que faz, e não para aparecer na capa das revistas de fofoca ou para comer todas. Ainda lembro de um antigo namoro dele com uma dessas devoradoras de homens que a americanização da cultura transformou as outrora divas. Quando a relação dos dois terminou, a mídia sugou todo o suco, no bagaço parecia ter sobrado apenas um homem abatido e uma mulher que nem deixou a história esfriar e já estava devorando outro. O hoje mostra que na verdade naquele antigo bagaço ficou uma deslumbrada dublê de atriz e um homem que sente suas dores mas não aceita que o topo é tão baixo.

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