sexta-feira, novembro 25

Amores

Afinal, quando é que as pessoas vão ficar satisfeitas com o tal de amor. Se estão sozinhas, coitados dos amigos com aquela criatura que só sabe reclamar do quanto sofre por estar “encalhada”, por que “ninguém me ama, ninguém me quer”, nem a Conchita me queeeerrrrrr (confessei que assisto novelas), porres, decepções, sempre aquela pergunta “Tem alguma amiga?”
Um dia, tudo fica lindo, porque ele ou ela são perfeitos, tudo aquilo que sempre quis, encontrou a alma gêmea e todas as viadagens e clichês possíveis. Mal passam dois meses, e a crise passa a versar sobre a “necessidade de espaço”, ou “o quanto essa pessoa me sufoca”, em nome de Deus, o que vocês querem?
Posso dizer que tive quase todos os tipos de amores, tive uma ex que me corneou, na época foi a pior dor que eu poderia passar, hoje agradeço, pois só depois de levar um chifre é que você começa a entender o sentido do amor, para ser completo precisa de uma eterna insegurança, nada do tipo “medo crônico de chifre”, mas sim uma certeza da eterna necessidade de conquista, isso mesmo, conquista, mas é como aquele verso de cartões mais que bregas “conquistar a mesma pessoa, todos os dias”.
Com outra tive o amor doente, aquele que machuca, incendeia, sangra e só consegue ter paz quando incendeia a cama, numa boa, não receito esse tipo pra ninguém, a chance de colecionar cicatrizes e hematomas é muito grande, fora o fato que o amor doente para sobreviver, precisa de dois loucos dispostos a se fecharem dentro de uma redoma onde só cabe o mundinho de dois carentes que colocam essa doença acima do amor-próprio.
Conheci um tipo de amor que não consigo classifica-lo direito, é um jeito mais que esquisito de gostar de alguém, principalmente pelo fato de que um ama o outro e o outro ama a si mesmo. Assumo que ela era linda, mas havia ficado presa em sua própria beleza de menina que nasceu para casar com o "filho do prefeito", creio que era com o filho do presidente, mas não notou que todos eles foram embora e estava lá ela, sozinha em sua beleza e espelhos, até que aparece um Corcunda de Notre Dame, disposto a estar admirando-a, só que o corcunda descobriu que não era tão pouco ao ponto de viver de admirar alguém e exigiu um amor que não existia, também não receito pra ninguém, demora um tempo pra sua auto-estima voltar aos níveis de ser humano normal, tudo bem que a minha ultrapassou um pouco (que boiolice), mas passou o porre e voltei ao meu normal.
Tive mais uma infinidade de amores, alguns que me fizeram sorrir em algumas horas, chorar em outras, fazer a promessa mais ressentida que o mal-amado faz: “Nunca mais me envolvo com ninguém”. Tive meus momentos de gozo, os “porres-pra-esquecer”, sem esquecer que também fiz algumas tomarem seus porres (minha falta de modéstia se manifestando). O Amor é assim, vive de sua própria impossibilidade e quando está seguro demais, perde sua cor, foi uma lição das mais duras, que só depois das lágrimas se aprende.
Há quase 30 anos comecei a construir minha obra-prima de amor, acho que teve e terá várias fases, muitos temperos, alguns encontros e desencontros (descobri que o amor precisa disso), períodos em que parecia ter morrido, mas estava esperando a melhor hora pra surgir, o amor-próprio é o mais difícil e árduo já que temos uma facilidade incrível em odiarmos a nós mesmos, claro que tem seus momentos de loucura (razão é algo que nem o amor mais maduro conhece), tem seus instantes infantis (o amor é uma eterna criança), mas tem o aspecto que julgo o mais perfeito que só o amor tem (o tesão não tem mesmo), o idealismo que quase beira a utopia, mas é exatamente essa utopia que torna o amor possível, pois se torna uma eterna busca, uma consciência de que não somos donos de ninguém nem de nós mesmos e passamos a nos aceitar, claro que passando por constantes e infinitas mudanças, uma constante sensação de que ainda não fizemos tudo e que o tempo é curto, pois grandes amores precisam almejar uma perfeição quase que divina.
Quer o segredo do amor? Eu não sei, a única coisa que aprendi é que antes de amarmos alguém precisamos amar a nós mesmos.

Um comentário:

Anônimo disse...

OI, Ronny.
Crônicas perfeitas.
Me vejo nelas cada vez que as leio.
Obrigada, estava precisando disso hoje.
Beijos da RO!!!!!!!