sábado, fevereiro 3

Novos Desgarrados.

Em primeiro lugar preciso pedir desculpas a você que visita regularmente o crônicas e boemia, mas vou ser honesto, estava precisando tirar uns dias de folga, deixar de olhar um pouco pra esse mundo cada dia mais estranho que me cerca, me aperfeiçoar em minha nova paixão (acreditem ou não, depois dos 30 voltei a andar de skate), enfim, dar um tempo pra cabeça.
Às vezes parece que recebo uma entidade que mostra alguma bobagem ou coisa mais séria que eu nunca parei pra notar antes, essa semana tive um desses insights olhando pra um mendigo que perambulava aqui pelas ruas de Porto Alegre, lembrei de uma antiga música do grande Mário Barbará que fala desse desgarrados que perambulam pela capital gaúcha, não sei ao certo o que me deu, parece que recebi um soco no estômago e me vi pensando na vida desses que quase nem vida tem mais.
Deve ser muito difícil sentir sua dignidade escorrer gota a gota pelos dedos e ver que a cada dia você está deixando de ser quem um dia foi, vejo que a maioria deles carregam sacolas, quem sabe com fotos, lembranças ou outros farrapos que restaram de uma outrora época de sorrisos, quem sabe beijos apaixonados, paixões fulminantes - dessas que adoro falar. Pois é, desde então dei pra pensar no peso das nossas escolhas, do quanto um “sim” ou “não” pode mudar toda a nossa história, a opção errada pode fazer um estrago que talvez não possa ser consertado. Não tenho dúvida alguma de que a grande maioria lembra do exato momento em que aquele “sim” ou quem sabe o “não” mudou tudo à sua volta, um casamento desfeito, o primeiro gole, o sonho de enriquecer na capital ou outras das milhares de opções que revelaram-se como erradas.
Fiz um monte de cagadas e lembro de cada uma delas, pra falar a verdade não tenho como negar que Deus existe e gosta de mim pra caramba, porque em algumas dessas besteiras só com a mão do “homem” consegui me salvar. Sei que estou parecendo meio brega, não sei se é a crise dos 30 ou quem sabe uma estranha necessidade de namorar que já está me enchendo o saco. O que não consigo é parar de pensar é o quanto escolher bem é importante, tá certo que não quer dizer que você vai acabar morando na rua, talvez você perca alguém que você só vai descobrir o valor que ela tinha quando não a tiver mais por perto, também pode ser um emprego, um amigo, uma viagem ou qualquer outra coisa que por mais pequena que possa parecer, vai refletir muito algum dia.
Gente, não estou nem um pouco a fim de escrever uma crônica de auto-ajuda, seria muita cara-de-pau da minha parte, mais que o de costume com certeza, só que não posso calar minha boca, estou com vontade de dizer: pense mais, escute mais e fale menos. Hoje em dia todo mundo quer falar, falar e falar, sem pensar se aquilo vale a pena ser dito. Vivemos uma época de corpos cada vez mais generosos e idéias escassas. Vai me dizer que toda essa história de esquecer que o cérebro também precisa de ginástica não vai ter um preço amanhã. Escolhas meus queridos, ESCOLHAS.
Acho que tenho muita sorte por ter nascido em uma das últimas gerações que teve a chance de aprender a pensar, não apenas reagir ao mundo de uma forma servil, quase um cachorrinho, honestamente a vida se esforçou pra me fazer ter sucesso, se ainda não cheguei lá é pela minha incompetência mesmo e hoje eu pergunto pra você: Se com tudo que a vida nos deu de bagagem pessoal, ainda escolhemos errado, o que vai ser de uma geração que tem como ídolo maior a bunda dura da semana?
Aguardo as respostas por e-mail....

3 comentários:

Anônimo disse...

Roni meu amigo..quando tu comenta no trabalho que escreve crônicas e sei lá mais o que, sinceramente eu pensava que era uma merda. Me desculpe, eu estava enganado, voce escreve bem. Mas quando eu digo "escreve bem" me refiro as idéias e não a forma escrita. Suas idéias são fáceis de entender, seu objetivo é claro, sem rodeio e enrolação. Porém, como nada na vida é bom o suficiente, vai um conselho: escolhe o estilo de escrita, ou é totalmente informal...escreve qualquer merda do jeito que vier, ou escreve em forma culta digamos assim...sabe por que eu digo isso? Dá mais credibilidade ao que você escreve. Se não gostar do que eu falei, problema teu...usando palavras suas. Mas, na minha opinião voce tem bastante ideias boas. Era isso...fui

Anônimo disse...

Ronny, a cada ESCOLHA uma renúncia!
É assim desde que o mundo é mundo e vai ser assim pra sempre!
Quem nao arrisca, nao petisca!
A vida lhe reserva coisas boas, você vai ver!
Beijão
Ru

pretinha&pimentinha disse...

Muito inspirador Rony. Adorei. É uma linguagem simples e franca. Sempre quiz escrever, mas falta algo p/ mim, não sei o que é. tenho alguns rebiscos, algumas notas espalhadas por ai... como a minha vida.Gosto daquilo q escrevo, posso te mandar alguma coisa por email p/ter sua opinião?
um grande abraço.